terça-feira, 8 de maio de 2012

cap- 5


Servos da Meia~Noite

Fui acordada pela luz que entrava pela janela,percebi que estava realmente em meu quarto, e não no meio da estrada ou no gramado alto de algum vizinho, sonolenta olhei para o relógio e percebi que estava atrasada para mais um dia de aula, isso poderia ser bom, daria essa desculpa para poder ficar em casa e pesquisar sobre as coisas que minha mãe havia dito durante seu delírio, poderia vasculhar pistas pelo bosque que poderiam responder as minhas perguntas, ou podia simplesmente ficar em casa e comer uma bandeja cheia de waffles.
Levantei ainda com muito sono, me olhei no espelho e percebi que estava horrível, meu cabelo desgrenhado a pele incrivelmente palida, e me lembrei daquelas criaturas sobrenaturais e demoníacas sugadoras de sangue, os chamados vampiros, temidos pelos humanos.


Estou morrendo de fome, pensei enquanto abria a porta e procurava pela minha mãe, mas ela não estava em lugar algum, havia saído cedo...Ah ela poderia ter um ataque novamente, deveria ter ficado em casa, eu deveria ter ficado de olho nela, a culpa me consome.


Caminhei descalça pelo frio chão de madeira, meus olhos procuravam por bandejas e waffles,e eu peguei um copo com leite quente para me aquecer daquele inverno. Mas, ainda não sabia onde pesquisar, só que, minha cabeça doía, e eu estava desesperadamente procurando por algo que pudesse me ajudar.


Ar fresco, era o que poderia me fazer sentir melhor.


 Durante o caminho passei em frente ao bosque, lá dentro estava escuro, mesmo com a luz do sol brilhando, e eu podia jurar que vi olhos vermelhos se escondendo por entre as arvores e arbusto. Aquilo me atormentava, e não saia de minha mente o fato daquele lugar abrigar coisas estranhas. E Zero...Esse era o nome ?, bom, não conseguia deixar de pensar em tudo o que aconteceu, sobre meu passado, sobre Ren, que eu confiava tanto.


Eu senti algo estranho,não era o toque do vento, nem os arrepios na pele,vinha de dentro, era uma sensação que vinha do coração, me ''dizendo'' para seguir em frente, até determinado local, que eu não sabia qual era, mas minhas pernas se moviam quase sozinhas.


Então cheguei, eu sentia isso... Era um orfanato, toquei a maçaneta, estava fria, e o lugar deserto, vazio, nem sons de crianças havia, tão...sombrio.
Um caderno estava logo a cima da mesa, velho e mofado, parecia ter vivenciado tantas cenas históricas.
Me aproximei. O toquei, e uma onda de calor tomou meu corpo.
Cenas, falas, tudo percorria minha mente numa grande confusão. Zero estava lá, sempre esteve, me protegendo, me fazendo sorrir. E eu podia sentir cada vez que ele me tocava, era quente e cheio de paixão.


Aquele caderno, era na verdade um diário, meu diário, contava sobre minhas vidas passadas, isso poderia ser possível ?
Uma rajada de vento entra pela porta, bagunçando ainda mais o meu cabelo, e sinto que é hora de ir.


Eu estava perdida, não pelo caminho, era em minha mente, estava tudo muito confuso, não sabia se aquilo poderia ser real, mas eu estava feliz, porém minhas pernas estavam bambas. Eu agarrava aquele diário contra o peito, desejando que ele me levasse de volta para aqueles momentos tão felizes.


O bosque, novamente estava passando a sua frente, ruídos vinham de lá, mas dessa vez ouvia alguem com uma voz doce a me chamar, eu poderia adormecer a ouvindo.
Aquele lugar era perigoso, eu sabia disso, porém minha curiosidade não me deixava se mover se não fosse para entrar lá, investigar, descobrir quem ou o que causava tantas vitimas ultimamente, amedrontando tanto as pessoas.


Ao passar pela entrada o vento soprava mais forte e gélido, o lugar era úmido, sentia alguem me fitando. Mal havia entrado e já estava perdida, que frustrante. O medo, ele estava presente, e o desespero também, eu deveria manter a calma.


Pensar...Pensar....Pensar.... Eu estava seguindo o caminho em linha reta, para voltar é só fazer o mesmo porém em direção contraria.


Me apoiava nas arvores, os ruídos ainda podiam ser ouvidos, o lugar estava ficando cada vez mais escuro, o brilho da lua não entrava, e ela também parecia não brilhar. Alguem parecia estar rindo para mim, e as arvores balançavam os galhos de maneira que pareciam estar vivas. Pouco tempo depois, eu imaginei que estaria perto da saída daquele lugar que parecia mais uma cena de terror, onde a mocinha seria morta a qualquer momento...Mas eu estava, errada, havia voltado para o mesmo lugar, estaria andando em círculos ?


Eu havia sido vencida pelo cansaço, e me deixei cair naquele chão frio, coberto por plantas sem vida, e trepadeiras que contornavam as arvores parecendo sufoca-las, não, elas estavam me sufocando, se enrolando em meus tornozelos, chegando até meu pescoço, eu tentei puxa-las mas pareciam ser feitas de aço.


Algo habitava o bosque, queria matar a todos, demônios ?, anjos caídos ?, bruxas ?, vampiros ?, o que poderia ser ?, eu estava tão atormentada, mas ciente de que a prioridade era me livrar daquelas plantas assassinas.


Meus movimentos eram inúteis, nada podia cortar aquilo, me arrependera por um momento por não deixar as unhas crescerem. Eu havia desistido, me deixado ser levada pela morte, lagrimas caiam inúmeras vezes,a dor física não era sentida, o que importava era uma dor que chegava até a alma, o motivo era Zero, que dominava minha mente mais uma vez naquele dia, eu jamais o veria novamente, que frustrante. 


Eu queria toca-lo, sentir seu beijo novamente, não me importava mais saber sobre meu passado, eu só queria estar com ele, mas eu estava desistindo, de tudo, desistindo de viver, de responder minhas perguntas, desistindo de estar com Zero.


E eu adormeci, ou aquela sensação era a da morte...

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